Às vezes, é preciso remar contra a maré.
Não sei se isso já aconteceu com você, mas muitas vezes pensamos: "Quando eu melhorar, irei fazer exercício físico, uma caminhada, uma aula de dança", e por aí vão as promessas. Mas a realidade é que, para melhorar, é preciso agir primeiro, ou seja, o sentido é o inverso.

Por que temos essa "vontade" de ficar quietos, esperando a motivação aparecer? Em muitos casos, essa falta de disposição pode estar relacionada aos baixos níveis de dopamina, um dos principais neurotransmissores do prazer e da recompensa.

Opa, mas espera aí! Dopamina não é um hormônio, o famoso "hormônio da felicidade"?
Essa confusão é comum! Hormônios são substâncias liberadas na corrente sanguínea por glândulas endócrinas, enquanto os neurotransmissores atuam localmente no cérebro, transmitindo sinais entre os neurônios. Ainda assim, a dopamina tem um impacto enorme no nosso bem-estar e na forma como nos sentimos motivados a agir.

Mas somente a dopamina pode causar essa procrastinação?
Não. Existem outros fatores envolvidos, como baixos índices de serotonina, deficiências nutricionais e até questões emocionais. Mas, neste artigo, vamos nos concentrar no papel da dopamina nesse processo.

O Papel da Dopamina na Motivação

A dopamina é um mensageiro químico do cérebro que influencia diretamente nossa motivação, prazer e bem-estar. Pense nela como um combustível que nos impulsiona a agir. Quando fazemos algo que gostamos, como ouvir uma música boa ou alcançar uma meta, nosso cérebro libera dopamina, reforçando a sensação de recompensa.

Ela é produzida em áreas profundas do cérebro e enviada para regiões responsáveis pelo planejamento e pela tomada de decisões, ajudando a transformar intenção em ação. Quando os níveis estão equilibrados, sentimos prazer ao concluir tarefas e temos energia para buscar novos desafios.

Mas o que acontece quando esse sistema entra em desequilíbrio?

Quando a Dopamina Vira Armadilha

Nosso cérebro ama recompensas. Algumas pessoas, especialmente aquelas com predisposição genética, acabam buscando atalhos rápidos para sentir prazer. É aí que surgem os vícios: jogos, comida, compras, redes sociais, substâncias químicas...

Todas essas atividades provocam explosões momentâneas de dopamina, criando um ciclo vicioso. O problema? Essas recompensas artificiais acabam desgastando os sistemas naturais de motivação, tornando cada vez mais difícil sentir prazer nas pequenas conquistas do dia a dia.

O resultado pode ser um cérebro cada vez mais resistente a estímulos naturais, fazendo com que atividades simples como ler um livro ou trabalhar em um projeto pareçam sem graça e cansativas.

O Ciclo da Procrastinação e a Dopamina

Nosso cérebro funciona por meio de um sistema de recompensa e reforço. Quando realizamos uma atividade prazerosa, a dopamina é liberada, reforçando o comportamento. Mas, quando evitamos tarefas que exigem esforço, nosso cérebro busca recompensas mais fáceis e imediatas, como mexer no celular ou comer um doce.

Isso cria um ciclo perigoso de baixa motivação e mais procrastinação.

Mas e se fizéssemos o contrário?
Se dermos o primeiro passo, mesmo sem vontade, ativamos o sistema de recompensa naturalmente. A dopamina começa a ser produzida e, gradualmente, a vontade de continuar aparece. Por isso, a melhor estratégia para "ter vontade" de algo é simplesmente começar.

Tá, mas como Aumentar a Dopamina Naturalmente?

Se você sente que falta energia e motivação, algumas estratégias podem ajudar a estimular a dopamina de forma saudável:

  • Exercício físico: Movimentar o corpo libera dopamina e aumenta a disposição. Não precisa ser uma rotina intensa! Qualquer movimento já ajuda, até mesmo alongamentos na cadeira.
  • Metas pequenas: Concluir pequenas tarefas dá ao cérebro pequenas doses de recompensa, tornando mais fácil engatar em atividades maiores.
  • Alimentação equilibrada: Alimentos ricos em tirosina (como ovos, peixes e oleaginosas) são precursores da dopamina e podem ajudar. Vale a pena procurar a orientação de um nutricionista.
  • Sono de qualidade: A dopamina é regulada durante o sono, então descansar bem é essencial para manter a motivação.
  • Exposição ao sol: A vitamina D tem um papel importante na produção de dopamina. Uma caminhada rápida ao ar livre já faz diferença.
  • Evitar recompensas rápidas: O uso excessivo de redes sociais, fast food e outras gratificações instantâneas pode reduzir a sensibilidade do cérebro à dopamina.

Conclusão

A motivação nem sempre vem antes da ação. Muitas vezes, é a ação que ativa a motivação.

Ao entendermos como nosso cérebro funciona e aplicarmos estratégias para estimular a dopamina, podemos sair do ciclo da procrastinação e recuperar o prazer pelas atividades diárias.

Então, que tal dar o primeiro passo hoje? Seu cérebro vai agradecer.

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Renata Fiuza - Doctoralia.com.br